Tara pela mentira.

O pensador Joseph Goebbels afirmou que uma mentira contada mil vez acaba por se tornar uma verdade. Entretanto, existem mentiras contadas mil vezes que não fazem mais sentido serem reproduzidas. Jair Bolsonaro, presidenciável pelo PSL, disse, em vídeos na internet, que o Aparelho Sexual e Cia fazia parte de um material  educacional que foi distribuídos nas escolas públicas por Fernando Haddad (PT), ministro da Educação na época. Em diversos vídeos, Bolsonaro se mostra como a voz da moral, dos bons costumes e da ética. Ele afirma que "o livro do PT" estimula as crianças a se interessarem por sexo. Seria uma forma do PT erotizar crianças de 6 anos de idade nas escolas. Mas a intenção do candidato não era apenas ser moralista, ser defensor da família e das criancinhas. Se assim fosse, por que ele não buscou criticar os filmes hollywoodianos que são cheios de pornografia? Por que não criticou as novelas da Globo que em horário nobre expõem a nudez? Por que ele não apresentou uma proposta para combater a pedofilia na internet? Por que ele apoiou um ator pornô para ser deputado federal de São Paulo? O cerne da questão não é o bom costume em si, mas uma estratégia de marketing político, pois ele sabia muito bem que grande parte de seu eleitorado é leiga e acrítica. É bom ressaltar que, antes de suas publicações mentirosas, o livro era desconhecido da população brasileira. A verdade é que a escritora francesa, Hélène Bruller, deve e muito a Bolsonaro, pois sem ele o livro não teria tido tanta repercussão no Brasil. Bom, essa historinha todos já conhecem. O que me chama mais a atenção é essa tara pela mentira, ainda mais por aqueles que dizem ser da verdade. O MEC afirmou inúmeras vezes que é mentira o que Bolsonaro disse sobre o livro. Diversos partidos políticos atestaram a mentira. A mídia, unanimemente, declara e expõe a mentira do pesselista. O TSE, recentemente, reiterou essa mentira e ainda determinou que o presidenciável retirasse da internet os vídeos. Mesmo com tudo isso, ainda vemos na internet eleitores de Bolsonaro segurando o livro na mão e dizendo "É verdade. O livro existe mesmo. Tá aqui nas minhas mãos". É claro que existe. Basta ir em qualquer livraria que se consegue compra-lo. No entanto, a existência do livro não prova que o mesmo foi aprovado pelo MEC e muito menos que foi distribuído em escolas públicas. Essa tara pela mentira não é outra coisa senão uma forma de saciar a sede de ódio. Eles precisam de uma "verdade" (mesmo que seja mentira) que justifique seus anseios anti-petistas. Uma mentira conta mil vezes por se tornar uma verdade, mas nesse caso, já é insensatez demais. Resta aos sensatos, no mínimo, pedir desculpa a sociedade por terem espalhado tanta mentira.

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