Entrevista completa com Juscelino Gregório, o presidente eleito da Câmara Municipal de Porto do Mangue.



Juscelino Gregório é agricultor e filho de agricultor. Mesmo sendo de família humilde, conseguiu ser eleito vereador em 2012 e reeleito nas eleições de 2016. O vereador Juscelino Gregório é evangélico casado com dona Cristina, sendo pai de João Vitor. daniel e thiago(...), ambos evangélicos da Assembleia de Deus. Neste mês, em votação histórica, a maioria dos vereadores elegeram o Juscelino Gregório para ser o presidente da Câmara Municipal de Porto do Mangue (CMPM) para o biênio 2019/2020. 




BRC - Vereador Juscelino Gregório, primeiramente quero agradecê-lo por ter aceitado o convite do Blog Rio das Conchas (BRC) para conversarmos sobre a política portodomanguense. Bom! O que motivou homem humilde como o senhor, sendo agricultor e filho de agricultor, a entrar na política portodomanguense?
Juscelino Gregório - Quero agradecer à Julysson, ao Blog Rio das Conchas por proporcionar este momento. Eu comecei logo como líder comunitário, como presidente da Associação do Rio Doce. E observando a carência dos meus conterrâneos em diversos aspectos, desde a informação até mesmo a acessar alguns benefícios na área previdenciária e vários setores. Então, eu entendi que a associação já poderia ajudar, porque estava sempre próximo. Mas engajando-me na política, a nível municipal, na busca de mandato a vereador, teria não como sanar o problema de todos, mas teria como auxiliar de maneira mais efetiva. Foi isso que me motivou a entrar na política em Porto do Mangue.



BRC - Nas eleições de 2012, o senhor estava filiado ao PSB e decidiu candidatar-se a vereador pela primeira vez. Como foi para o senhor receber a notícia de que havia sido eleito e eleito de forma surpreendente, tendo em vista que o senhor foi o candidato mais votado do PSB, ficando, inclusive, a frente de nomes tradicionais da política local como Alvinho de Doca, Galego do Assentamento e Márcio Marcelino, ambos também do PSB?
JG - Julysson, eu acho que a política é uma ferramenta democrática, onde o novo sempre tende a aparecer e os que já estão, às vezes, tem desgaste. O cidadão, por causa das dificuldades, dos problemas da política, tende a ficar insatisfeito com os que já estão e quando chega uma figura nova, que já tem, mesmo numa instituição como a Associação Comunitária, a sua modesta capacidade de articulação, de atender, de ajudar seus conterrâneos, acontece ou que aconteceu comigo. Então, a princípio eu não achei fácil. Mas foi construído e foi um crescimento muito rápido, haja visto que eu decidi, de fato, ser candidato só faltando três meses das convenções partidárias é que houve essa decisão. Mas na realidade, foi muito bem aceito o projeto e, por isso, um projeto de muito êxito. Graças a Deus! 


BRC - O que ocasionou sua saída do PSB e, posteriormente, sua filiação ao PPS?
JG - A minha entrada no PSB se deu através da ligação que eu tinha com o amigo aqui da cidade de Carnaubais; devido a um grupo de empresários ligados a Sandra, que também era do PSB; ao amigo Luizinho Cavalcante, ex-prefeito de Carnaubais, ligado diretamente a Wilma de Faria; também devido aos meus amigos, que foram meus maiores incentivadores; aos Maranatas, que estavam ligados a Sandra e Larissa Rosado, que também eram do PSB. Isso foi determinante para eu disputar meu primeiro mandato no PSB de Wilma de Faria, naquela época, presidente estadual e também governadora. 



BRC - Pelo PPS, o senhor conseguiu ser reeleito com 220 votos válidos nas eleições de 2016. Agora o senhor está no seu segundo mandato. Que experiências o senhor carrega consigo sobre a política de Porto do Mangue?
JG - Olha, Julysson. Eu me considero uma pessoa um tanto quanto frustrado com relação à política nacional e posso dizer também até a municipal. Eu, antes de ingressar na política, tinha muitos sonhos, esperanças, expectativas de que eu pudesse contribuir. Mas, infelizmente, o sistema político e os moldes em que se faz política travam mais do que desenvolvem a vida de quem de fato precisa da política. Uma proposta quando é apresentada, por questões de política, por questões ideológicas, por questão de lado, ela não é bem recebida, mesmo que essa proposta venha beneficiar a população. Essa é uma das minhas frustrações. No meu primeiro mandato, eu fiz uma oposição ferrenha ao, na época, prefeito Titico. Relato esse fato como experiência de que por uma questão de política mesmo, fazendo uma oposição a Titico, parte muito grande de um bloco que estava com Titico veio para oposição me deixando praticamente quase sem espaço. Então, tive que fazer o curso contrário: deixar a oposição, que militava na época, mais Alvinho de Doca e o colega aqui da comunidade vizinha, Aclécio. Tive que fazer esse curso contrário, porque findei ficando sem espaço. Então, tive que ir para o grupo do prefeito Titico. Não concordava com algumas coisas. Mesmo indo para o grupo, eu não era obrigado a concordar com tudo e continuar com o mesmo pensamento. Todavia, eu passei um ano analisando essa proposta para poder decidir, conversando com alguns amigos e meus aliados. Isso me deixa entender que devemos ter muita cautela com seus posicionamentos políticos, deve deixar muito claro seus pontos de vista, mas nunca ser enérgico demais em suas posições, levando ao enfrentamento que às vezes trás até problemas pessoais. 



BRC - Recentemente, a Câmara Municipal de Porto do Mangue passou por votação para escolha da nova Mesa Diretora. Por que o senhor decidiu concorrer à presidência da casa legislativa?
JG - Com já disse anteriormente, eu sempre fui um sonhador com a questão da atividade política. Eu acho muito difícil, na realidade, passar cinco, seis mandatos, digo até que se a política não mudar, eu talvez não tenha disposição de continuar militando na política. Isso não é um anúncio de desistência no futuro, mas eu tenho sonhos que a política e a forma de fazer política mudem, porque nos moldes que estão, não servem nem para o cidadão, que vota às vezes com a esperança, nem muito menos para o político. Então, disputar a presidência da Câmara Municipal de Porto do Mangue era um sonho de viver uma experiência nova e ver se através do diálogo, pudesse contribuir mais e contribuir melhor com a situação do município. Então, foi isso que me motivou a disputar a presidência da Câmara Municipal. 


BRC - Dias antes da votação, a mídia e a grande parte da população de Porto do Mangue acreditavam veementemente que a chapa governista seria eleita, considerando que estava apoiada por 5 vereadores, pelo prefeito Sael Melo e pelo deputado estadual Manoel Cunha Neto (Souza) e que considerando ainda que a chapa 2, à qual o senhor pertencia, tinha apenas o apoio de 4 vereadores. Diante disso, todo o cenário aparentava estar montado para a vitória da chapa governista. A grande surpresa veio à tona: a chapa 2 foi anunciada a chapa eleita e isso causou enorme impacto, ao mesmo tempo, também um alvoroço sem precedentes na cidade. Muitas “teorias da conspiração” foram levantadas, mas duas tiveram maior repercussão: a teoria da traição e a teoria da fraude. Ao término da votação, os 5 vereadores governistas que apoiavam a chapa 1, alegaram que houve fraude na votação. “Como é que 4 pode ser maior do que 5?”, era o que perguntavam. Inclusive, esses 5 vereadores chegaram a gravar um vídeo, pedindo explicações, pois afirmavam categoricamente que votaram na chapa 1. Assim, propagou-se a “teoria da fraude”. Por outro lado, o atual presidente da Câmara Municipal, vereador João Cirilo (Joãozinho), em entrevista ao BRC, defendeu que não houve fraude, abrindo assim espaço para a “teoria da traição”. O que o senhor pensa sobre tudo isso?
JG - Eu, assim como já foi falado por outras pessoas, acredito que o processo da eleição na Câmara cumpre todos os requisitos legais, uma vez que o edital foi publicado na FECAM e pregado no mural interno da Câmara. O edital quando foi feito, elaborado pelo jurídico da Casa, o vereador Jailson Fernandes achou por bem pegar e apresentar uma proposta de resolução onde o edital se tornou regimental, dando um prazo bastante longo para registro de chapa, para as devidas publicações, transparência quanto o cumprimento da quantidade de membros da Mesa. Então, foi um processo, até chegar às eleições e o resultado das eleições tal como está no vídeo da Câmara Municipal da sessão que elegeu a chapa 2 em que houve eleição. Tudo ok! Não há motivos de haver esse pensamento de fraude. Até porque foram acompanhados, desde o começo, os representantes da chapa 1 da chapa 2: o representante da chapa 1, o vereador Izidro Junior; e o representante da chapa 2, da nossa chapa, o vereador Jean Maia. Então, se for perguntado a esses vereadores sobre a possibilidade de fraude, sinceramente, eu acho que eles, que observaram e acompanharam o processo, eles mesmo sabem que não existiu a questão da fraude. Referente ao quesito “traição” (como está sendo colocado), apesar de em algumas Câmaras o voto ser aberto, o benefício do voto secreto está em proteger o sigilo do votante de expressar sua vontade e não há juiz nem mecanismo nenhum no sistema democrático que obrigue o cidadão a dizer seu voto se ele não quiser. Estão defendendo que 4 ganha para 5, mas o resultado que veio da urna não foi que 4 ganhou para 5. Na verdade foi 5 que ganhou para 4. Então, houve quem votou. Só quem votou, poderá, se quiser, dizer em quem votou. Se não quiser, ninguém vai obrigar essa pessoa a dizer. A tese de que 4 ganhou para 5 isso é a tese pública conhecida, mas o resultado da urna 5 ganhou para 4. Chapa 2, cinco votos, e chapa 1, quatro votos. Então, descarto a hipótese de fraude e o que houve foi um processo em plena lisura e com o resultado favorável a nossa chapa.


BRC - Quais as suas expectativas para o biênio 2019/2020? Como será sua condução na casa legislativa municipal a partir de 2019: oposição ou governista?
JG - Julysson, eu tenho a expectativa muito boa para esses dois anos de legislatura e para o biênio 2019/2020. Eu não posso lhe afirmar quais são os projetos que temos para a condução da Câmara de maneira mais concreta, haja visto que precisamos até dia 26, combinado com o atual presidente, sentar com a equipe e o pessoal dele. Através de uma resolução feita pelo jurídico, terão pessoas nossas que vão fazer essa transição com a equipe do atual presidente. Vamos ficar a par da situação. Mas lhe digo que temos planos para a Câmara Municipal, até mesmo na ordem de infraestrutura. Nós temos uma Câmara com bastante tempo e, na realidade, pensando na questão infraestrutura, os serviços precisam melhorar, mesmo considerando e respeitando as gestões anteriores de todos os meus colegas, eles fizeram o que puderam naquele momento. Vamos só ver essa questão orçamentária e o que pudemos fazer. Vamos tentar fazer uma gestão, respeitando a todos, todos. Houve uma disputa ali, mas todos são vereadores até dezembro de 2020. Então, serei parceiro de todos. Estarei sempre dialogando com todos. Quanto a questão de oposição ou de governista. Como pontuei muito antes, nos colocamos como uma bancada independente. Essa frase “independência” nos dá autonomia de nos posicionar na linha mais neutra. Mas estando na presidência da Câmara, estaremos disposição da gestão e dos cidadãos de Porto do Mangue para fazer um trabalho que venha melhorar a situação de Porto do Mangue. Eu acho que é prematuro demais definir posições políticas, haja visto que encurtaram o prazo eleitoral de 90 para 45 dias e estão fazendo só 30. Então, há dois de anos do pleito, eu julgo muito prematuro. Mas reafirmo: não integramos a base governista e também não há certeza que integraremos. Mas lhe garanto e garanto ao cidadão de Porto do Mangue que jamais a gestão municipal, como tenho feito e outros vereadores que integraram a nossa chapa, irá ter entraves ou problemas decorrentes da Câmara. Os projetos serão encaminhados e passados conforme os trâmites legais e com a urgência requerida Obrigado! 


BRC - O início do biênio 2019/2020 poderá ser marcado pelo surgimento de uma nova configuração da base governista na Câmara Municipal de Porto do Mangue?
JG - (Risos) Julysson, essa pergunta que você faz passa pelo viés de se fazer premonição, mas entendo que a política com seu dinamismo, ela vai trazer as respostas que hoje não temos. E essa resposta deve vir. Pode começar sim, em 2019. como eu disse, não certeza que integraremos a base governista, como também os que estão integrando não há certeza que se manterão. O que vejo é que hoje a situação é mais de se pensar, propriamente dito, na questão administrativa da Câmara e ver o que podemos fazer para os nossos irmãos portodomanguense e para melhor a questão do município, porque a dificuldade, a crise, a queda de receita, que inclusive tem sinalizado uma melhora razoável na receita do município e esperamos que a partir de 2019 haja uma recuperação da receita do Brasil e que os municípios que são tão sofridos passe a arrecadar mais e possa melhorar a vida do cidadão. Obrigado! 


BRC - vereador Juscelino Gregório, o senhor acredita na participação dos vereadores governistas no evento da sua posse como presidente da Câmara Municipal? 
JG - Julysson, eu quero acreditar que, de boa fé,que irão. Em outros pleitos, até os que não disputei e votei em branco, eu nunca me neguei a ir. Até mesmo, porque a posse é um ato institucional. Quem não respeita um ato institucional, fazendo parte da instituição, eu acho essa atitude completamente sem sentido. Então, acredito que irão. Até porque como já falei a eleição da Câmara foi um momento e todos permanecerão vereadores até dezembro de 2020 e o relacionamento dos colegas em virtude do trabalhos da Câmara continuarão normalmente. Da minha parte, sem nenhuma sequela, e não é porque questão do resultado positivo que assim estou falando, provo isso pelo meu histórico, quando participei da posse de todos. Às vezes até tendo disputado em chapa derrotada, mas fui visitar a posse. Inclusive consta no site da prefeitura uma foto, na posse do prefeito Sael Melo, de Joãozinho eleito presidente da Câmara, votado pelos vereadores da base governista. Está lá uma foto minha, participando da posse com toda tranquilidade. Então, acredito que eles serão recíprocos, respeitando a Câmara Municipal de Porto do Mangue e também o colega vereador Juscelino Gregório. 


BRC - O Blog Rio das Conchas agradece, mais uma vez, ao senhor vereador, presidente eleito da Câmara Municipal de Porto do Mangue, por ter aceitado nosso convite para conversarmos sobre a política local. Deixamos o espaço para que o senhor faça suas considerações finais.
JG - Agradeço a você, Julysson, ao Blog Rio das Conchas. Também estamos a disposição. Como Juscelino, como cidadão, como presidente Câmara as portas estarão abertas para fazer seu registro fotográfico, para visitar a sessão, para visitar as dependências da Câmara Municipal de Porto do Mangue, para pedir alguma informação sobre proposta. Temos uma proposta, Julysson, em fazer uma Câmara mais humanizada. Pensamos em digitalizar os trâmites processuais da Câmara Municipal que ainda não são digitalizados para o cidadão acompanhar a tramitação das leis. A comunicação da sessão serão, na realidade, constante. Pensamos em melhorar a Câmara Municipal de Porto do Mangue. A imprensa local é parte importante para fazer pensar a comunicação, essa interação, em informar o cidadão de Porto do Mangue. Muito obrigado! 

Comentários