Situação crítica.



    A situação na Câmara Municipal de Mossoró está complicada. Um grupo político, formado por 11 vereadores, não reconhecem a reeleição da presidente da Casa Legislativa, Izabel Montenegro (MDB), gerando instabilidade administrativa, uma crise política sem precedentes.
    Há algo de interessante nisso. Izabel  Montenegro quer brincar de ser reconciliadora, quer ser aquela que irá estabelecer a união na Casa. No entanto, tem utilizado mecanismos discursivos incoerentes que sua conduta política.
    A vereadora presidente tem pregado o discurso da pacificação, da união, da harmonia, ou seja, todos os vereadores devem se unir em prol do povo.  Izabel tem dito que os vereadores devem "baixar as armas", relevar as diferenças. Em nota publicada, a vereadora convocou os vereadores a trabalharem a favor do povo mossoroense: "Esse é o chamamento que faço para que haja união em prol de um trabalho coletivo a favor da população mossoroense", disse Izabel. 
    Essa estratégia discursiva de Izabel Montenegro é até interessante e salutar. Ela tenta criar objetivações em que de um lado ela é a presidente da reconciliação, que quer ver a Câmara unida trabalhando em prol do povo; do outro lado estão aqueles que  aqueles que não querem a união,  só querem brigar e criar confusões, são os que querem perseguir, os são inimigos do povo que estão  instalando um instabilidade. Esses são os efeitos de sentidos que estão apenas nos discursos da presidente da Câmara Municipal e que não convence a ninguém, pois há uma grande distância sobre o que se diz e sobre o que se faz. O discurso de Izabel está distante de suas práticas políticas, pois ela que pede para os vereadores baixarem as armas, levanta uma caneta para exonerar os cargos comissionados dos vereadores que não aceitam sua reeleição, ao mesmo tempo beneficia os vereadores que estão ao seu lado. 
   A presidente Izabel Montenegro beneficia os vereadores do grupo político e exerce uma política de perseguição contra seus opositores, exonerando os indicados pelos vereadores de oposição a sua reeleição. Agora vem pregar união na Casa do povo, pregar a paz dizendo que os vereadores devem "baixar as armas". Os vereadores tiveram seus indicados exonerados e agora tem que se dobrar diante da presidente "reconciliadora", venerando-a como a presidente da paz e da união. Quer dizer, então, que todos os vereadores devem se unir em prol do povo mossoroense, exceto a presidente  que não toma uma posição de liderança política capaz sair do blá-blá discursivo que não convence? Como pode a presidente da Câmara pedir para os vereadores baixarem as armas e é ela mesma quem levanta uma caneta para detonar seus colegas vereadores como uma forma de perseguição descarada  aos seus opositores? Por que ela não começa a agir em prol do povo? 
    O fato é que essa forma de se fazer política perseguindo o contraditório tem causado grandes males a sociedade. A falta de liderança que saiba se articular tem gerando uma situação crítica, instalando uma instabilidade que, como sempre, quem sai perdendo nesse jogo é o povo.         

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